Ouvi
dizer que uma grande besta destruiria este mundo.
Ouvi dizer que ela surgiria da água e que dominaria com o vagaroso passar das eras, todas as outras formas de vida.
Ouvi dizer que sua Magia seria tão poderosa que a levaria a alturas e a profundidades impossíveis.
Disseram-me que a besta, certas vezes, seria tão astuta quanto uma serpente e tão cruel quanto um demônio.
Todavia, disseram-me também que a besta não teria consciência de sua perversidade, que seria vítima de si mesma. Disseram-me que tal criatura, em sua miséria, em sua ignorância e vaziez, julgaria-se inocente dos males que traria ao mundo.
Mas isso foi apenas o que me contaram ; uma estória.
O
que não me contaram, contudo, é que a besta, de fato, existe. E que ainda hoje,
está a dominar céus, terra, e tudo quanto a vista pode alcançar.
O que não me contaram é que a besta, a grande besta, não seria chamada "besta" ou "aberração". Mas, na pujança de seu orgulho - talvez inocência- forjaria um terrível auto-engano; cega de vaidades, batizaria a si mesma com um curioso e penetrante nome:
Homo Sapiens
Sapiens
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